Em um cenário de câmbio desafiador, muitas empresas brasileiras encontram no dólar alto um vetor de crescimento e expansão.
Desde o início de 2025, o dólar tem oscilado perto de R$ 5,77, com projeções que podem chegar a R$ 6,00 até o fim do ano. Essa desvalorização do real frente ao dólar é resultado de fatores internos e externos que alteram o equilíbrio econômico nacional.
Do lado interno, a instabilidade fiscal e as incertezas políticas têm elevado a percepção de risco pelos investidores. Internacionalmente, os Estados Unidos atraem capital em busca de segurança, impulsionados por altos juros futuros no mercado americano e pela solidez do dólar.
Com juros futuros no Brasil acima de 16% e uma retração de 10% no Ibovespa, o país enfrenta um momento de ajuste que, paradoxalmente, favorece quem vende em moeda forte.
Empresas que comercializam seus produtos em dólar recebem automaticamente um volume maior de reais por unidade vendida, ampliando margens e caixa para reinvestimento. Essa oportunidade de liquidez imediata em moeda forte é um dos principais atrativos neste momento.
Ao mesmo tempo, o fortalecimento da moeda americana torna os produtos brasileiros mais competitivos no exterior, pois o comprador internacional consegue adquirir mais por menos dólares.
Embora o impacto seja amplo, alguns segmentos se destacam pelo elevado grau de dolarização de suas receitas:
Para aproveitar intensamente esse momento, as empresas devem adotar medidas estruturadas. A primeira delas é diversificar a carteira de clientes, alcançando mercados na Ásia, Europa e América do Norte.
Outra prática essencial é implementar políticas de proteção cambial eficazes, como contratos de hedge e opções de futura liquidação, minimizando os riscos de alta volatilidade.
Investir em logística e inovação tecnológica também amplia a competitividade internacional. Com estoques otimizados e processos automatizados, é possível reduzir custos e garantir entregas pontuais.
Apesar das vantagens, o cenário exige atenção. A volatilidade cambial constante pode comprometer orçamentos e contratos de médio e longo prazo, tornando o planejamento financeiro mais complexo.
Além disso, empresas que importam insumos sofrem o efeito oposto: o aumento nos custos de aquisição pode consumir parte do ganho cambial. É fundamental avaliar continuamente a matriz de fornecedores e considerar estoques de segurança.
Outro ponto sensível é a repatriação de lucros. Tributos e burocracia podem impactar o fluxo de caixa, exigindo uma gestão tributária eficiente e alinhada a consultorias especializadas.
Grandes players, como JBS, Embraer, BRF e Petrobras, já demonstraram ganhos robustos com a valorização do dólar. No setor moveleiro, pequenas e médias empresas conquistaram fatias significativas do mercado americano, representando 35% das exportações.
Estimativas indicam que, até 2030, o comércio exterior brasileiro pode crescer entre 10% e 18% em setores chave, impulsionado pela estratégia de diversificação de mercados e investimentos em inovação.
O agronegócio, em especial, tem potencial para expandir em até 15%, enquanto o setor de papel e celulose pode alcançar 12% de alta em contratos internacionais.
A alta do dólar, embora apresente desafios, é um momento histórico para que empresários brasileiros alavanquem suas vendas, fortaleçam o caixa e ampliem sua presença global.
Com estratégias alinhadas a gestão de riscos e foco em inovação, é possível não apenas sobreviver a esse ciclo, mas prosperar. Hora de agir, planejar e colher os frutos de um cenário cambial que favorece o exportador moderno.
Referências