Em um cenário de custos de crédito cada vez mais altos, entender como o pagamento mínimo do cartão impacta suas finanças é essencial para manter a saúde financeira e evitar surpresas indesejadas.
O crédito rotativo do cartão figura entre as linhas de crédito com as taxas mais elevadas do mercado brasileiro. Em 2025, a taxa média alcançou cerca de 445% ao ano, embora tenha ultrapassado 990% antes das mudanças regulatórias. Esses números mostram como uma pequena dívida pode se transformar em um valor impossível de pagar em pouco tempo.
Com juros compostos incidindo mês a mês, o consumidor que opta pelo pagamento mínimo acaba financiando sua fatura ao custo mais caro do mercado, criando um efeito de bola de neve que compromete o orçamento familiar.
Para conter abusos e dar mais previsibilidade ao consumidor, entrou em vigor, em janeiro de 2025, a nova Lei do Rotativo, que limita a cobrança total de juros a 100% sobre o valor original da dívida (sem considerar IOF). Assim, uma dívida de R$ 300 não pode gerar uma cobrança final superior a R$ 600 em encargos.
Além disso, os bancos agora são obrigados a oferecer alternativas de parcelamento com taxas menores que as do rotativo, bem como informar de forma clara o valor mínimo da fatura, o Custo Efetivo Total (CET) e as opções de negociação.
O pagamento mínimo corresponde a um percentual reduzido da fatura (geralmente entre 15% e 20%). Ele garante que sua conta não seja considerada em atraso, mas empurra o saldo remanescente para o crédito rotativo, sujeito aos juros altos.
Por exemplo, com uma fatura de R$ 1.000, se você paga R$ 200 de mínimo, os R$ 800 restantes serão acrescidos de juros altíssimos, aumentando significativamente o valor total devido no próximo mês.
Optar pelo pagamento mínimo pode parecer uma solução de curto prazo em momentos de aperto financeiro, mas traz consequências graves. O saldo devedor entra no rotativo e passa a sofrer a incidência de juros compostos, gerando um crescimento exponencial da dívida.
Mesmo com a nova lei limitando o total de encargos, é possível que a dívida dobre de tamanho. Em casos de R$ 500 iniciais, você pode acabar pagando R$ 1.000, sem contar IOF e tarifas extras.
Antes da regulamentação, dívidas pequenas chegavam a multiplicar cinco ou dez vezes seu valor inicial em poucos anos, levando milhões de brasileiros à inadimplência e ao cadastro de restrições de crédito.
Com o teto de 100%, o estrago é menos devastador, mas continua alto. Consumidores desatentos podem ver seus débitos dobrando sem perceber, comprometendo outras metas financeiras, como reserva de emergência ou investimentos.
Evitar o pagamento mínimo é a forma mais eficaz de fugir dos juros rotativos. É preciso manter disciplina financeira e informação para proteger seu bolso e planejar objetivos de longo prazo.
Adotar hábitos financeiros saudáveis não apenas evita o endividamento excessivo, mas também abre espaço para acumular patrimônio, construir reservas de emergência e realizar sonhos com mais segurança.
Em tempos de taxas elevadas, a melhor estratégia é pagar sempre o total da fatura ou, se for inevitável parcelar, buscar alternativas menos onerosas que o rotativo. Assim, você mantém o controle das finanças e evita a armadilha dos juros compostos.
Referências