No Brasil, o parcelamento de compras é quase um hábito nacional. Cerca de 79% dos consumidores já recorrem a essa modalidade para adquirir roupas, eletrônicos e outros bens essenciais, dividindo o valor em prazos médios de 6,3 parcelas. Embora a oferta de parcelado sem juros pareça um convite irresistível, é fundamental entender seus riscos e planejar cada compromisso financeiro.
Quando usado de forma consciente, o parcelamento pode ser uma ferramenta de flexibilidade. Entretanto, sem um planejamento financeiro cuidadoso, o consumidor pode acabar em um ciclo de compromissos que compromete a renda futura.
Pesquisa da Serasa revela que 71% dos brasileiros preferem comprar parcelado, mesmo quando têm condições de pagar à vista. As categorias mais parceladas são roupas (32%) e eletrônicos (28%), refletindo o apelo de novidades e tendências.
Dados adicionais mostram que seis em cada dez entrevistados possuem parcelas pendentes, com um tempo médio de nove meses até a quitação. Esses números mostram um consumidor que, muitas vezes, utiliza o parcelamento como única forma de acesso a bens desejados.
Compreender os motivos que levam à opção por prazos longos ajuda a identificar armadilhas e soluções mais adequadas. Dentre as principais razões, destacam-se:
É importante lembrar que ter crédito disponível não significa ter recursos sobrando. A ilusão de conforto proporcionada pelo cartão pode levar ao consumo impulsivo e ao acúmulo de compromissos.
Um dos principais riscos é o efeito bola de neve: conforme novas compras são adicionadas antes das antigas serem quitadas, o total de parcelas cresce sem que haja um planejamento global. Em 51% dos casos, há parcelas em aberto, impactando cerca de 71,1 milhões de brasileiros.
Quando o consumidor atrasa o pagamento, pode entrar no crédito rotativo, cujos juros ultrapassam 400% ao ano (aproximadamente 15% ao mês). Esse cenário favorece a inadimplência crônica e, em casos mais graves, pode levar a protestos, restrições de crédito e maior dificuldade de negociação.
Muitos veem o parcelamento sem juros como uma boa oportunidade, mas há custos embutidos. Os lojistas costumam repassar parte do custo financeiro ao preço final dos produtos, e os bancos pagam taxas que encarecem o capital de giro. Assim, nem tudo é tão vantajoso quanto aparenta.
Varejistas defendem a modalidade como essencial para movimentar estoques, especialmente em pequenos negócios. Por outro lado, instituições financeiras alertam para as distorções e riscos à saúde financeira familiar quando o parcelamento é usado indiscriminadamente.
Antes de assumir um compromisso de longo prazo, é essencial avaliar se as parcelas cabem no orçamento e se há margem para imprevistos. Seguir algumas orientações pode evitar surpresas desagradáveis:
Essas ações ajudam a criar disciplina financeira e prevenir o acúmulo de dívidas que ultrapassam a capacidade de pagamento.
Para visualizar melhor o cenário, confira os principais indicadores sobre parcelamento no Brasil:
O parcelamento é uma ferramenta poderosa quando usada com critério e planejamento. Evitar o dívidas acumuladas passa por simular cada compromisso, limitar prazos e acompanhar de perto o orçamento familiar. Assim, é possível usufruir da conveniência dos prazos estendidos sem comprometer o equilíbrio financeiro.
Cultivar o hábito de analisar cuidadosamente cada compra, manter uma reserva emergencial e usar ferramentas de controle são atitudes que podem transformar o jeito de consumir, trazendo mais segurança e paz de espírito. Planeje, simule e decida com consciência: suas finanças agradecerão.
Referências