No Brasil, o acesso facilitado a linhas de crédito se tornou parte do cotidiano. Segundo dados do Banco Central e de entidades de proteção ao crédito, cerca de 70% das famílias brasileiras possuem algum tipo de dívida.
Em muitas situações, o crédito parece uma tábua de salvação para fechar as contas mensais. No entanto, recorrer a empréstimos para custear despesas do dia a dia pode levar a um ciclo vicioso difícil de reverter.
O crescimento do consumo financiado por cartões de crédito, cheque especial e empréstimos pessoais trouxe modernidade às transações, mas também elevou o nível de endividamento familiar. Em 2023 e 2024, especialmente em meses de maior gasto, muitas famílias utilizaram crédito rotativo para cobrir despesas básicas como alimentação, contas de água e luz.
Embora empréstimos e financiamentos sejam válidos para projetos de médio e longo prazo — como aquisição de imóvel, investimentos em educação ou expansão de negócios —, seu uso recorrente em despesas fixas gera o risco de superendividamento.
Quando um empréstimo é contraído para pagar o supermercado, o aluguel ou contas mensais, a família inicia um ciclo de endividamento sem fim. Os juros aplicados sobre parcelas elevam o montante devido, comprometendo o orçamento dos meses seguintes.
Os juros do crédito rotativo do cartão de crédito e do cheque especial são compostos e podem disparar em questão de meses. A cobrança diária de encargos onera ainda mais quem já enfrenta dificuldades de pagamento.
Essa realidade torna evidente o impacto dos juros compostos em alta velocidade, transformando dívidas de curto prazo em obrigações de longo prazo quase impagáveis.
Nem toda dívida é prejudicial. As chamadas “dívidas boas” geram retorno futuro e podem ser consideradas investimentos, por exemplo:
Já as “dívidas ruins” são aquelas contraídas para cobrir despesas do cotidiano, sem geração de patrimônio ou valor agregado, perpetuando um ciclo financeiro negativo.
O acúmulo de dívidas de consumo pode resultar em inscrição nos cadastros de inadimplentes (Serasa, SPC), redução significativa do score de crédito e restrições para acessar financiamentos ou linhas de crédito em condições vantajosas.
Além disso, a dificuldade de sair do vermelho se agrava quando as parcelas pagas não reduzem o principal da dívida, apenas cobrem os juros, mantendo o consumidor preso a prestações mensais.
Outro ponto crítico é o comprometimento da saúde familiar, com aumento do estresse, conflitos frequentes e sensação constante de insegurança em relação ao futuro financeiro.
Antes de recorrer a um novo empréstimo, avalie seriamente seu orçamento. Utilizar ferramentas de planejamento financeiro prático pode ajudar a compreender onde ocorrem os maiores gastos e como realocar recursos.
É fundamental elaborar e manter uma construção de um orçamento realista, separando claramente despesas fixas, variáveis e aportes para reserva de emergência.
Adotar essas práticas permite reduzir a dependência de crédito rotativo e cartões, trazendo mais segurança e tranquilidade ao seu dia a dia.
Por fim, lembre-se de que reserva de emergência financeira eficaz e disciplina são pilares para manter as finanças equilibradas. Evite a armadilha de empréstimos recorrentes e construa um futuro financeiro estabele e livre de dívidas desnecessárias.
Referências