O Brasil vive um momento singular em sua trajetória econômica recente. Com a combinação de alta no PIB e a inflação em patamares mais suaves, diversos setores de consumo começam a respirar aliviados, vislumbrando perspectivas de expansão e maior previsibilidade.
Em 2025, a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) está estabelecida em 3,00%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Projeções do Banco Central indicam IPCA em torno de 4,9%, enquanto o mercado financeiro sugere 5,24% — números ainda acima da meta mas inferiores às estimativas anteriores.
Entre 2019 e 2020, o Brasil experimentou oscilações significativas. Antes da pandemia, inflação e crescimento estavam relativamente alinhados. Com a crise de 2020, políticas de estímulo fiscal e monetário resultaram em aumento acelerado de preços.
Após o choque inicial, a inflação acumulada em 12 meses fechou 2023 em 4,62%, já sinalizando uma moderada desaceleração. Até maio de 2025, o IPCA registrou 5,32% nos 12 meses, com leitura de 0,26% em maio.
Essa evolução se deve, em parte, à queda dos preços do petróleo no mercado internacional e à estabilidade e previsibilidade de compras proporcionada por políticas monetárias mais rígidas. A apreciação cambial e o recuo nos custos de transporte e energia também colaboraram.
O Banco Central revisou para baixo sua projeção de inflação para 2025, de 5,1% para cerca de 4,9%. O mercado financeiro, por sua vez, projeta IPCA em 5,24% e PIB crescendo 2,21%. Tais números espelham um panorama de recuperação gradual, porém ainda distante dos níveis anteriores à pandemia.
As expectativas para 2026 e 2027 indicam uma desaceleração adicional: inflação em torno de 4,5% e 4%, respectivamente. Isso sugere um processo de convergência em direção à meta de 3% ao longo dos próximos anos.
Com esses dados em mãos, investidores e empresários podem calibrar suas estratégias de alocação de capital e gestão de estoques, antecipando variações de demanda e ciclos de reposição.
A inflação controlada não significa preços baixos, mas traz benefícios significativos:
Setores como o de eletrodomésticos, vestuário e até viagens demonstram forte reação. Redes de varejo relatam aumento nos volumes de vendas e otimismo quanto ao segundo semestre de 2025.
Entretanto, ainda persiste uma limitação importante: o nível geral de preços permanece elevado em comparação ao período pré-pandemia, principalmente em itens essenciais como alimentação, combustíveis e gás de cozinha. Isso reflete os reajustes acumulados desde 2020.
Embora a inflação esteja em trajetória de desaceleração, alguns fatores podem alterar o quadro:
Especialistas alertam que o apetite por risco deve ser balanceado com cuidados. A recuperação robusta do emprego e o incremento real de renda são determinantes para manter o ciclo virtuoso.
Diogo Santos, da Fundação Ipead/UFMG, reforça que a estabilidade atual não devolve integralmente o poder de compra anterior, mas abre espaço para planejamento mais seguro.
Para consolidar ganhos, é essencial aprofundar reformas que melhorem a produtividade e a competitividade. A modernização de setores como infraestrutura, tributário e trabalhista pode acelerar o ritmo de expansão.
O Banco Central, por sua vez, segue vigilante, disposto a ajustar as taxas de juros caso haja sinais de desancoragem nas expectativas de inflação. A transparência na comunicação e o anclamento de expectativas inflacionárias são cruciais.
Por fim, o protagonismo do setor privado em promover inovação, ampliar cadeias de valor e investir em tecnologias mais eficientes também contribuirá para um ambiente de preços mais estáveis.
Ao equilibrar esses elementos, o Brasil pode trilhar um caminho de potencial de crescimento sustentável, beneficiando consumidores, empresas e toda a sociedade num ciclo virtuoso de desenvolvimento.
Referências