Nos últimos anos, o acesso ao crédito no Brasil se expandiu de forma significativa. Com um crescimento de 13,5% de crescimento em 12 meses até maio de 2025, muitos veem no crédito uma saída rápida para desafios financeiros. Porém, quando usado indevidamente, esse recurso pode transformar-se em um pesadelo de endividamento. Neste artigo, exploraremos como empregar o crédito como uma solução temporária e prevenir riscos de uso perpétuo, promovendo planejamento financeiro antes de emprestar.
O cenário econômico brasileiro demonstrou um aumento expressivo no crédito ampliado, com destaque para os mercados público e privado. Enquanto o Sistema Financeiro Nacional registrou acréscimo de 10,9% em empréstimos, os títulos públicos avançaram 13,9%. Vale ressaltar que a parcela de crédito direcionado e mais seguro representava metade do total em 2016, alcançando R$ 1,54 trilhão, refletindo maior confiança em operações com classificações A e AA.
Essa evolução reflete o esforço do governo e das instituições financeiras em oferecer condições atraentes. No entanto, a volatilidade histórica do crédito livre, especialmente no período pós-2008, alerta para a necessidade de cautela: entre 2016 e 2017, o crédito livre sofreu retração real enquanto o direcionado, apesar de crescer, teve taxas inferiores às pré-crise.
O uso contínuo do crédito sem estratégia pode levar ao aumento da inadimplência e ao comprometimento da renda familiar. Em abril de 2025, 77,6% das famílias estavam endividadas e 29,1% apresentavam dívidas em atraso. Além disso, 12,4% declararam não ter condições de pagar suas obrigações, enquanto o comprometimento médio de renda alcançou 27,2%, o maior nível desde o programa “Desenrola Brasil”.
Quando o crédito deixa de ser uma ferramenta de ajuste para se tornar a única saída, famílias e empresas perdem estabilidade e veem-se presas em um ciclo de endividamento crescente.
Entender o crédito como uma solução pontual exige planejar seu uso para momentos específicos, como reformas, investimentos produtivos ou emergências. Nesse contexto, o crédito pode servir de ponte para atravessar fases de aperto sem comprometer metas de longo prazo. Operações com melhor rating oferecem segurança adicional, reduzindo custos e riscos.
Ao usar crédito para transições planejadas, evita-se a armadilha de recorrer sempre a novas dívidas para tapar buracos financeiros.
Para empregar o crédito de forma inteligente, é fundamental adotar práticas de gestão e controle que garantam seu uso temporário e estratégico.
O papel do crédito na transição para práticas mais sustentáveis ganha relevância em setores como o agrícola. Financiamentos verdes e mecanismos vinculados ao mercado de carbono podem promover financiamento sustentável para transição agrícola, estimulando a adoção de técnicas resilientes e de baixo impacto ambiental. Essas linhas complementam o crédito tradicional, alinhando objetivos econômicos e ecológicos.
Programas como “Desenrola Brasil” mostraram a importância de políticas públicas no enfrentamento do endividamento. Contudo, sem educação financeira voltada para famílias endividadas, tais iniciativas têm impacto limitado. Investir em capacitação e acesso à informação é crucial para que indivíduos e empresas façam escolhas conscientes e evitem o crédito como solução definitiva.
Ao compreender o crédito como uma ferramenta de curto prazo, planejar seu uso e direcioná-lo a operações com menor risco, podemos evitar o ciclo vicioso do endividamento e impulsionar um crescimento econômico mais saudável e sustentável.
Use o crédito de forma estratégica, transforme desafios em oportunidades e construa um futuro financeiro sólido, evitando que a dívida se torne um fardo permanente.