Diante de um mercado de crédito em constante mutação, entender como usar o empréstimo pessoal pode significar a diferença entre solucionar um aperto financeiro e agravar ainda mais o endividamento. Em um país onde o total de dívidas alcança R$ 6,6 trilhões, adotar uma postura planejada é essencial para proteger seu futuro financeiro.
As famílias brasileiras carregam R$ 4 trilhões em empréstimos pendentes, e o restante cabe às empresas. Entre abril de 2024 e abril de 2025, apesar do aperto monetário e alta dos juros, o crédito cresceu por 15 meses consecutivos. Esse fenômeno revela a resiliência da demanda por empréstimos mesmo em cenários adversos, mas também alerta para os desafios de manter as contas equilibradas.
Com taxa anual média de taxa de juros anual de 35,8% no crédito livre e projeção de queda gradual até 2027, as oportunidades ainda exigem cautela. Cada ponto percentual faz diferença no bolso, por isso o consumidor precisa avaliar o Custo Efetivo Total antes de fechar negócio.
Segundo a Meutudo, 43% dos brasileiros planejam solicitar um empréstimo em 2025. O motivo principal, destacado por 44%, é a quitação de dívidas onerosas, seguida por necessidades emergenciais e reorganização do orçamento. Esse dado demonstra que o crédito continua sendo visto como ferramenta para resolver problemas quando bem utilizado.
Vale destacar que 53% optam pelo empréstimo pessoal, 24% pelo consignado e 9% escolhem linhas para autônomos. A escolha é influenciada por valor disponível (35%), valor da parcela (25%) e taxa de juros (24%). Entender esses indicadores ajuda a tomar decisões mais acertadas.
João, aposentado de 65 anos, pegou um empréstimo consignado para pagar o cartão de crédito e, sem planejamento, tomou outro para cobrir gastos com remédios. Em dois meses, o valor das parcelas consumiu quase 40% de sua aposentadoria, criando um ciclo de dependência do crédito. Essa história ilustra como é fácil trocar dívidas caras por outras ainda mais onerosas quando falta visão de longo prazo.
Para não repetir os erros de João, é preciso desenvolver disciplina financeira e estabelecer metas claras para sair do vermelho.
Antes de solicitar um empréstimo, faça uma análise de capacidade de pagamento detalhada. Considere não só sua renda líquida, mas também despesas fixas, variáveis e eventuais imprevistos. Assim, você evita contrair dívidas que não consegue honrar.
Ao priorizar a quitação de débitos mais caros, é possível reduzir o valor total de juros pagos ao longo do tempo. Essa estratégia requer disciplina, mas gera alívio financeiro e melhora o score de crédito.
Usar o empréstimo como paliativo pode gerar um efeito dominó: novas dívidas para pagar as antigas, acúmulo de encargos e risco crescente de inadimplência. A taxa de 4,7% de calotes em 2025 serve de alerta de que a tomada desenfreada de empréstimos pode comprometer não só o orçamento, mas também o bem-estar emocional das famílias.
Muitos consumidores caem na armadilha de trocar um empréstimo por outro sem realizar o verdadeiro ajuste financeiro necessário, levando a um endividamento sem perspectiva de corte.
A Febraban aponta que as expectativas de crédito foram recalibradas diante de um cenário macroeconômico desafiador. Rubens Sardenberg, especialista em mercado financeiro, ressalta que “o ambiente de juros elevados demanda maior senso crítico na contratação de crédito.”
Márcio Feitoza, CEO da Meutudo, destaca que “muitos recorrem ao crédito para resolver pendências financeiras, mas sem estratégia sólida, o empréstimo acaba por adiar, e não sanar, o problema.” Esses insights reforçam a importância do planejamento e da educação financeira.
Ao avaliar uma proposta de crédito, atente-se para:
- O Custo Efetivo Total (CET), que reúne taxas e encargos;
- O prazo de pagamento e o valor das parcelas;
- Possibilidade de uso de modalidades mais baratas, como consignado;
- Consequências do não pagamento, incluindo impacto no score e restrições de crédito.
Desenvolver o hábito de simular diferentes cenários antes de fechar o contrato evita surpresas e cria um ambiente de maior segurança financeira. Invista tempo na pesquisa e na comparação de ofertas.
O empréstimo pessoal, quando usado com planejamento financeiro e disciplina, pode ser o ponto de virada para quem busca reorganizar as finanças. Contratar crédito sem critério, por outro lado, segue a linha de empurrar o problema para frente e agravar o endividamento.
Portanto, encare o crédito como uma ferramenta estratégica: avalie sua real necessidade, compreenda os custos envolvidos e monitore seus compromissos até a quitação final. Assim, você transforma o empréstimo em um aliado para a recuperação financeira, garantindo um futuro mais estável e tranquilo.
Referências